É tudo tão éfemero! Num momento falavas comigo e apenas pedias que a dor aliviasse um pouco! A dor era familiar! Não a rejeitavas! Querias apenas voltar a conviver com ela de igual para igual! E ela hoje teimava em ser rainha da tua vida! Dominadora! Castradora! Incapacitante! Suplicavas com os olhos apenas uns segundos de paz! Fui a última a ouvir as tuas palavras! "Dra, um pouco de soro e fico bem!". Depois abandonaste o teu corpo! Saiste de ti com um suspiro! Assististe depois a tudo que te fizeram.. talvez a meu lado... encostado na parede que me impediu de cair! Talvez fosses tu a segurar-me! Já nada podia fazer por ti! Sussuraste-me ao ouvido um silêncio que abafava as sirenes que ecoavam por toda a parte! Muitas mãos te tocaram depois de mim! Mas as últimas que sentiram o teu corpo com alma foram as minhas!
Tiveste o teu soro! Diz-me agora o que preciso eu para aliviar esta dor!
1 comentário:
Lindissimo...
De uma mistura assustadora e desconcertante entre o real, tendo em conta a tua profissão, e a matáfora.
Adorei... e quem não precisa de quando em vez de um soro para a alma. Se ao menos houvesse em farmácias.
Bjos daqui
Eugénio
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